Os Cobogós inspiram
Elemento da arquitetura, esse item nordestino virou sinônimo de Brasília e reverberou em outras áreas como no comércio, em guias turísticos e nas jóias. A arquiteta e designer de joias de Porto Alegre (RS), Claudia Casaccia, lançou uma linha de jóias inspiradas nos cobogós. Para ela, a inspiração foi ocasionada pela brasilidade das peças. “Na joalheria, assim como na arquitetura, estes elementos também permitem a exploração da luz e da sombra, resultando em texturas delicadas”, afirma Claudia.
Foi com uma palavra claramente nordestina que os cobogós foram batizados. Ainda que a origem tenha vindo das iniciais dos sobrenomes dos três criadores (Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góes), o nome tem ritmo. E talvez seja o prenúncio do que essa arte significa para o brasiliense: quando a análise é levada para o aspecto visual, a brincadeira da luz e das texturas conduzem o ritmo dessa arte. Pernambucano? Diz a origem que sim, mas os blocos de cimento (ou outros materiais, como porcelana e madeira), com vazamentos artísticos geométricos, tem mesmo a cara de Brasília. Nenhum ensaio ou estudo arquitetônico da cidade, que se preze, os deixa de lado. Mais longe ainda, a inspiração veio do muxarabi (Mashrabiya), da cultura árabe que mistura treliças de madeira instaladas nas sacadas e janelas das casas. A ideia era que a luz e o ar pudessem entrar, sem, porém, deixar os moradores incomodados com os transeuntes. Foi inspirada nas treliças que o cobogó nasceu. Inicialmente do concreto, hoje outras versões podem ser encontradas facilmente. E se antes eles tomavam conta do espaço externo, hoje são itens de decoração no interior de casas e apartamentos. INSPIRAÇÃO E é a brincadeira entre luz e os vazados dos cobogós que os torna divertidos. Para os amantes da fotografia, uma foto em algum corredor com cobogós é clássica. Ainda nessa linha, Cobogó virou nome de loja e cafeteria, inspiração para jóias e para arte. Mariana Dap, dona do Mercado Cobogó, afirma que o nome foi uma escolha por representar Brasília. Ela, que recebe muitos clientes vindos de outros Estados, afirma que as pessoas se interessam pelo nome da loja. “Depois que explicamos o que é, eles sempre afirmam já terem visto ou conhecido em outros locais. O cobogó está em vários estados, mas aqui ele tem uma forma mais geomé- trica, de concreto vazado e cobrindo, às vezes, o fundo de prédios inteiros”, conta. Mariana faz curadoria de produtos e, dentre eles, muitos tem inspiração nos cobogós, como peças de jóias e estampas. Outra que não deixou os cobogós de fora da história brasiliense foi a arquiteta Gabriela Bilá, que escreveu O Novo Guia de Brasília. O livro fez sucesso especialmente pelos mapas de fruteiras da cidade, mas além desse serviço, Gabriela também incluiu gírias, cultura local e a história e tipos de cobogós. Mariana e Gabriela não foram as únicas. Muitas pessoas e artistas desenvolvem o trabalho a partir da inspiração trazida pelos cobogós. A também arquiteta e designer de joias de Porto Alegre (RS), Claudia Casaccia, lançou uma linha de jóias inspiradas nos cobogós. Para ela, a inspiração foi ocasionada pela brasilidade das peças. “Na joalheria, assim como na arquitetura, estes elementos também permitem a exploração da luz e da sombra, resultando em texturas delicadas”, afirma Claudia.